5.1.08
Breve Balanço do Ano Político Português de 2007
Como parece inevitável, no início de 2008, farei, também eu, um pequeno balanço apreciativo ao ano que acabou de findar, essencialmente, desta feita, do ponto de vista político.
A pretensão da imparcialidade não me criará, espero, embaraços. Escrevo habitualmente aquilo que penso, com o objectivo de não faltar à verdade dos factos, sabendo que a sua interpretação pode divergir consoante o observador, de acordo com a sua sensibilidade, as suas preferências, a sua formação, as suas inquietações ou as suas expectativas sobre a realidade observada.
Procuro agir, porém, sempre com a preocupação de respeitar os factos sob apreciação, sem os distorcer, para os pôr de harmonia com a minha particular forma de sentir. Reputo este critério como compromisso inviolável, para quem visar a credibilidade dos leitores, de qualquer leitor, mesmo se imaginário.
Outra preocupação que mantenho é a de não cair num pessimismo exacerbado, mórbido, negativista em absoluto, que leva à descrença e, consequentemente, à inacção, daquele que escreve e, porventura também, de quem o lê.
Mas é preciso igual prevenção com o reverso desta atitude, para não se passar ao optimismo bacoco, sem nenhum suporte na realidade circundante. Por isso, devemos ser realistas, mesmo quando nos sentimos animados de algum ideal, dentro daquele equilíbrio difícil de atingir, mas que convém ter sempre visado.
No plano político, o ano de 2007, para os Portugueses, traduziu-se por nova decepção. Depois do desencanto com Guterres, Barroso e Santana, seguiu-se o mesmo tipo de sentimento com Sócrates, isto, para não alargar a janela temporal de apreciação.
De aqueles três primeiros actores e até de Cavaco Silva governante, já disse bastante em anteriores escritos, não cabendo aqui repetir julgamentos, excepto se convocados por oportuna comparação.
De Sócrates, tenho dito menos, como, de um modo geral, tem sucedido com a generalidade da crítica, da notável e da menos conhecida, ambas de inclinação tradicionalmente esquerdizante, sempre mais mobilizáveis quando os alvos são, supostamente, de Direita ou de Centro-Direita, como tem sido de regra nos últimos três decénios.
Presumo que comece, finalmente, a suceder de forma diferente, à medida que se vão conhecendo as práticas, mais do que as promessas, dos representantes da Esquerda no Poder, nomeadamente, da dita esquerda socialista.
Os portugueses que conservam ainda algum interesse pela Política têm já como referência da prática governativa socialista três estilos, servidos por três actores diversos : Mário Soares, António Guterres e José Sócrates.
De Soares, o conhecimento é maior, pela sua longa permanência no Poder, como simples Ministro, como Primeiro-Ministro, como Presidente da República, nos dez anos dos seus dois sucessivos mandatos e, como Deputado Europeu, de experiência algo frustrada, diga-se, visto lhe ter fugido o ambicionado lugar de Presidente do Parlamento Europeu, que uma afanosa corte de incondicionais lhe teria garantido de fácil acesso e de que a sua desvanecida vaidade o terá rapidamente convencido.
Este facto acabou por não ocorrer, como se sabe, por um daqueles acasos em que o Destino é fértil, quando quer desfeitear qualquer soberba insofrida. Em seu lugar, os Deputados do PE elegeram uma senhora, espécie de «Dona de Casa», no dizer pitoresco de Soares, altamente revelador do conceito em que tem a Mulher, apesar das suas declarações altissonantes, como as do seu Partido, em favor da libertação e da dignificação da Mulher.
A senhora eleita para aquele lugar tinha até uma longa e notória carreira política, larga formação universitária também, mas nada disso impressionou o nosso progressista ex-Presidente.
E ainda que a senhora fosse apenas aquilo que ele lhe chamou, se acaso tivesse vocação e capacidade política reconhecidas, de modo nenhum se justificaria aquele tipo de comentário descortês, feito após derrota sofrida na eleição, o que desde logo poderia ser interpretado como resmoneio de mau perdedor, que, na verdade, foi.
No entanto, estas considerações, que se impõem como de banal evidência a qualquer observador, ideologicamente não enfeudado, foram raras em Portugal e nunca mais repetidas ou lembradas, como acontece com muitos outros episódios algo deslustrantes para os seus respectivos autores, constantemente evocados e glosados até à náusea.
Por aqui se pode, pois, aferir a isenção dos nossos comentadores políticos, jornalistas e demais intervenientes na já suficientemente multi-facetada Comunicação Social, apesar disso, estranha e persistentemente vesga, no seu modo de avaliar comportamentos políticos.
Hoje ainda, Soares insiste em ocupar o centro da ribalta política, mesmo depois daquela sua insensata pretensão de nova candidatura à Presidência, que redundou em humilhante fiasco, classificado em desonroso terceiro lugar, atrás do seu ex-amigo dilecto Manuel Alegre, sem o apoio do Partido Socialista, na altura votado a Soares, por opção, quiçá maquiavélica, do líder do Partido, José Sócrates.
Claro que esta insistência de Soares pela permanência na ribalta política só se sustenta a partir da imensa corte de amizades comprometidas que ele foi erigindo ao longo da sua extensa carreira política.
Vimo-lo assim em desabrida guerra contra o neo-liberalismo de Bush, Blair, Aznar e Barroso, mas calado em relação a Sócrates, que faz o mesmo ou pior que aquilo que Soares critica nos outros líderes internacionais.
Também nada disto parece impressionar os nossos sensíveis e argutos jornalistas e comentadores políticos, que lhe continuam a dispensar uma interminável indulgência crítica, difícil de entender, fora da corrente de favores que Soares à sua roda sempre soube tecer e melhor gerir.
António Guterres, apesar da sua proverbial generosidade para com amigos políticos, provendo-os em altos e pingues cargos, na Administração Pública e Institutos Associados, nas Empresas comparticipadas pelo Estado e demais Instituições equiparadas, como o Banco de Portugal, a CGD e muitas outras de idêntico estatuto em mordomias, apesar disso tudo, já não despertou tanta complacência da Comunicação Social, como a sempre concedida a Soares.
Ainda assim, continua sem paralelo a benignidade com que o avaliam, comparada com a forma como trataram os dois Primeiros-Ministros do PSD, espécie de hidra diabólica, que se lhe seguiram.
Com o surgimento de Sócrates, à frente do Governo, em 2005, assistiu-se a um coro de boas vontades, de benefícios de dúvida, de compreensão, ostensivamente proclamado pela generalidade da Comunicação Social.
Quase todos lhe gabavam a coragem, a determinação na luta pelas necessárias reformas do Estado, pelo equilíbrio orçamental, novamente erigido em sacro-santo desígnio nacional, nem que para isso haja de se colocar os cidadãos a pão e água, sem Assistência médica e hospitalar adequadas, sem serviços ou apoios sociais, do mesmo passo que, com tais políticas restritivas, se os põem a empobrecer continuamente, com salários estagnados ou aumentados abaixo das taxas de inflação reais, sempre superiores, como se verifica, às teóricas decretadas pelo Governo para servirem de referência oficial, invariavelmente lesiva do poder de compra daqueles, sempre em degradação continuada.
Em 2005 e 2006, este conúbio da Comunicação Social com Sócrates foi quase perfeito, mesmo contra as evidências dos desacertos, dos erros e das arbitrariedades cometidas pelo Governo.
Mas, desgraçadamente, nada de significativo, no País, melhorou, ainda menos, se cotejado com os sacrifícios impostos, anunciados como de absoluta necessidade, para a regeneração da depauperada Economia Nacional.
A pretensão da imparcialidade não me criará, espero, embaraços. Escrevo habitualmente aquilo que penso, com o objectivo de não faltar à verdade dos factos, sabendo que a sua interpretação pode divergir consoante o observador, de acordo com a sua sensibilidade, as suas preferências, a sua formação, as suas inquietações ou as suas expectativas sobre a realidade observada.
Procuro agir, porém, sempre com a preocupação de respeitar os factos sob apreciação, sem os distorcer, para os pôr de harmonia com a minha particular forma de sentir. Reputo este critério como compromisso inviolável, para quem visar a credibilidade dos leitores, de qualquer leitor, mesmo se imaginário.
Outra preocupação que mantenho é a de não cair num pessimismo exacerbado, mórbido, negativista em absoluto, que leva à descrença e, consequentemente, à inacção, daquele que escreve e, porventura também, de quem o lê.
Mas é preciso igual prevenção com o reverso desta atitude, para não se passar ao optimismo bacoco, sem nenhum suporte na realidade circundante. Por isso, devemos ser realistas, mesmo quando nos sentimos animados de algum ideal, dentro daquele equilíbrio difícil de atingir, mas que convém ter sempre visado.
No plano político, o ano de 2007, para os Portugueses, traduziu-se por nova decepção. Depois do desencanto com Guterres, Barroso e Santana, seguiu-se o mesmo tipo de sentimento com Sócrates, isto, para não alargar a janela temporal de apreciação.
De aqueles três primeiros actores e até de Cavaco Silva governante, já disse bastante em anteriores escritos, não cabendo aqui repetir julgamentos, excepto se convocados por oportuna comparação.
De Sócrates, tenho dito menos, como, de um modo geral, tem sucedido com a generalidade da crítica, da notável e da menos conhecida, ambas de inclinação tradicionalmente esquerdizante, sempre mais mobilizáveis quando os alvos são, supostamente, de Direita ou de Centro-Direita, como tem sido de regra nos últimos três decénios.
Presumo que comece, finalmente, a suceder de forma diferente, à medida que se vão conhecendo as práticas, mais do que as promessas, dos representantes da Esquerda no Poder, nomeadamente, da dita esquerda socialista.
Os portugueses que conservam ainda algum interesse pela Política têm já como referência da prática governativa socialista três estilos, servidos por três actores diversos : Mário Soares, António Guterres e José Sócrates.
De Soares, o conhecimento é maior, pela sua longa permanência no Poder, como simples Ministro, como Primeiro-Ministro, como Presidente da República, nos dez anos dos seus dois sucessivos mandatos e, como Deputado Europeu, de experiência algo frustrada, diga-se, visto lhe ter fugido o ambicionado lugar de Presidente do Parlamento Europeu, que uma afanosa corte de incondicionais lhe teria garantido de fácil acesso e de que a sua desvanecida vaidade o terá rapidamente convencido.
Este facto acabou por não ocorrer, como se sabe, por um daqueles acasos em que o Destino é fértil, quando quer desfeitear qualquer soberba insofrida. Em seu lugar, os Deputados do PE elegeram uma senhora, espécie de «Dona de Casa», no dizer pitoresco de Soares, altamente revelador do conceito em que tem a Mulher, apesar das suas declarações altissonantes, como as do seu Partido, em favor da libertação e da dignificação da Mulher.
A senhora eleita para aquele lugar tinha até uma longa e notória carreira política, larga formação universitária também, mas nada disso impressionou o nosso progressista ex-Presidente.
E ainda que a senhora fosse apenas aquilo que ele lhe chamou, se acaso tivesse vocação e capacidade política reconhecidas, de modo nenhum se justificaria aquele tipo de comentário descortês, feito após derrota sofrida na eleição, o que desde logo poderia ser interpretado como resmoneio de mau perdedor, que, na verdade, foi.
No entanto, estas considerações, que se impõem como de banal evidência a qualquer observador, ideologicamente não enfeudado, foram raras em Portugal e nunca mais repetidas ou lembradas, como acontece com muitos outros episódios algo deslustrantes para os seus respectivos autores, constantemente evocados e glosados até à náusea.
Por aqui se pode, pois, aferir a isenção dos nossos comentadores políticos, jornalistas e demais intervenientes na já suficientemente multi-facetada Comunicação Social, apesar disso, estranha e persistentemente vesga, no seu modo de avaliar comportamentos políticos.
Hoje ainda, Soares insiste em ocupar o centro da ribalta política, mesmo depois daquela sua insensata pretensão de nova candidatura à Presidência, que redundou em humilhante fiasco, classificado em desonroso terceiro lugar, atrás do seu ex-amigo dilecto Manuel Alegre, sem o apoio do Partido Socialista, na altura votado a Soares, por opção, quiçá maquiavélica, do líder do Partido, José Sócrates.
Claro que esta insistência de Soares pela permanência na ribalta política só se sustenta a partir da imensa corte de amizades comprometidas que ele foi erigindo ao longo da sua extensa carreira política.
Vimo-lo assim em desabrida guerra contra o neo-liberalismo de Bush, Blair, Aznar e Barroso, mas calado em relação a Sócrates, que faz o mesmo ou pior que aquilo que Soares critica nos outros líderes internacionais.
Também nada disto parece impressionar os nossos sensíveis e argutos jornalistas e comentadores políticos, que lhe continuam a dispensar uma interminável indulgência crítica, difícil de entender, fora da corrente de favores que Soares à sua roda sempre soube tecer e melhor gerir.
António Guterres, apesar da sua proverbial generosidade para com amigos políticos, provendo-os em altos e pingues cargos, na Administração Pública e Institutos Associados, nas Empresas comparticipadas pelo Estado e demais Instituições equiparadas, como o Banco de Portugal, a CGD e muitas outras de idêntico estatuto em mordomias, apesar disso tudo, já não despertou tanta complacência da Comunicação Social, como a sempre concedida a Soares.
Ainda assim, continua sem paralelo a benignidade com que o avaliam, comparada com a forma como trataram os dois Primeiros-Ministros do PSD, espécie de hidra diabólica, que se lhe seguiram.
Com o surgimento de Sócrates, à frente do Governo, em 2005, assistiu-se a um coro de boas vontades, de benefícios de dúvida, de compreensão, ostensivamente proclamado pela generalidade da Comunicação Social.
Quase todos lhe gabavam a coragem, a determinação na luta pelas necessárias reformas do Estado, pelo equilíbrio orçamental, novamente erigido em sacro-santo desígnio nacional, nem que para isso haja de se colocar os cidadãos a pão e água, sem Assistência médica e hospitalar adequadas, sem serviços ou apoios sociais, do mesmo passo que, com tais políticas restritivas, se os põem a empobrecer continuamente, com salários estagnados ou aumentados abaixo das taxas de inflação reais, sempre superiores, como se verifica, às teóricas decretadas pelo Governo para servirem de referência oficial, invariavelmente lesiva do poder de compra daqueles, sempre em degradação continuada.
Em 2005 e 2006, este conúbio da Comunicação Social com Sócrates foi quase perfeito, mesmo contra as evidências dos desacertos, dos erros e das arbitrariedades cometidas pelo Governo.
Mas, desgraçadamente, nada de significativo, no País, melhorou, ainda menos, se cotejado com os sacrifícios impostos, anunciados como de absoluta necessidade, para a regeneração da depauperada Economia Nacional.
Os abusos governativos foram progressivamente subindo de tom, a coberto da tal compreensão, com algumas excepções, reconheça-se, vindas de sectores conotados com o PCP, como a CGT, Central Sindical, de marcada influência comunista, pese certo esforço, reconheça-se também, desenvolvido de há uns anos para cá, pelo seu Coordenador Geral, o combativo Carvalho da Silva, recente Doutor, para sua glória e final aceitação, num país que reverencia, por extremo, títulos académicos e demais distinções oficiais, mesmo se alcançados por caminhos menos ortodoxos.
Se muito do que estas entidades, PCP e CGT, têm feito no plano político se pode considerar negativo e de forte crítica merecida, a verdade é que, no combate às ilusões apregoadas por Sócrates e na defesa dos mais fracos, não aparecem outras entidades consequentemente empenhadas, por tibieza, por incapacidade política ou por pura deserção ideológica ou doutrinal.
Na verdade, que dizer das pífias actuações de Partidos que ostentam nas suas bandeiras a identificação com o Socialismo ou com a Social-Democracia, perante tantas agressões aos direitos dos trabalhadores, dos consumidores e dos cidadãos, no seu conjunto ?
Quem há-de, então, defender os mais fracos, os menos dotados, os menos capacitados de poder negocial ante o Estado e o Poder Patronal, entidades estas, amiúde prepotentes, insensíveis à miséria, às carências de toda a ordem, com forte tendência para abusarem da situação debilitada em que os cidadãos se encontram, se os Partidos moderados se desinteressam destes problemas, parecendo apenas importar-se com os altos desígnios da Macro-Economia do País, não obstante com resultados tão pouco brilhantes ou sequer animadores ?
Eis algo que deveria merecer cuidada atenção das pessoas presumivelmente mais bem formadas, existentes em todos os Partidos e Associações Cívicas, para obstar à contínua degradação do nosso tecido social, para que se possa reverter o desalento generalizado no País, a descrença e mesmo alguma repulsa já pela Política, democrática ela se defina, nos documentos oficiais do regime, dotado de elogiosa Constituição, porém, destituída de aplicação, na vida real dos cidadãos.
No ano de 2007, contudo, o Governo de Sócrates terá iniciado finalmente o seu confronto com a realidade e encontrado da parte da, até aqui, complacente Comunicação Social as primeiras manifestações de crítica e certa contestação das suas acções.
Foi também no começo de 2007 que rebentou o caso da Licenciatura de Sócrates, processo algo rocambolesco, de enorme fragilidade legal e política, de larga inverosimilhança em todas as explicações avançadas pelo próprio ou pela Comunicação Social sua cooperante, solicitamente compreensiva.
Desde esse momento, a forma como a população passou a encarar a figura do Primeiro-Ministro alterou-se significativamente.
Algumas reacções de pura intimidação, da parte de certos zelotes da Administração Pública confirmaram, a impressão de fragilidade da figura do Primeiro-Ministro e foi notório o seu acabrunhamento subsequente.
Não fora a oportuna ribalta da Presidência da UE, com os seus enaltecidos Protocolos e Tratados, as suas reluzentes e festivas Cimeiras, e Sócrates teria passado um período de agitação política e social um pedaço pior o resto do ano, agitação que, mesmo assim, se fez sentir e ouvir, como não ocorrera nos dois anos anteriores.
Em qualquer sector estruturante do nosso desenvolvimento nada de particularmente animador se registou.
Na Educação, continuámos com a degradação curricular, aumentámos até a tolerância à incorrecção comportamental dos alunos, bem como a indulgência das avaliações ou aferições periódicas de aprendizagem de conteúdos, perífrase moderna que substituiu o nefando termo exame, cada vez menos ouvido.
A Ministra da Educação compraz-se com estatísticas ilusórias de alegadas melhorias de aproveitamento escolar, forjadas para esse fim, ao mesmo tempo que promove a fraude do chamado Programa das Novas Oportunidades, para quem queira adquirir o diploma do 12º ano de Escolaridade, sem grande esforço.
Nunca foi tão deprimente o nível do nosso Ensino Primário e Secundário e, em breve, também assim acontecerá com o Superior, no qual já largas franjas perderam credibilidade, como se comprovou com a superlativa fraude da Universidade Independente, elucidativo nome, se entendido na sua divorciada relação com o conhecimento que ali se deveria ministrar.
Deixo para outra altura a crítica à intenção do Ministério da Educação de erradicar nomes de Santos das instituições sob sua tutela. Depois da ridícula sanha persecutória contra os crucifixos, terá chegado a vez de investir contra os nomes dos Santos. Eis como este Governo, para gozo dos cínicos, pretenderá assinar a sua discutida filiação jacobina.
Na Saúde, a trapalhada é geral, com a enxurrada de encerramentos de unidades hospitalares e centros de atendimento, a supressão de serviços, a restrição de medicamentos comparticipados e o concomitante agravamento das contribuições dos cidadãos.
O Governo abandona crescentemente as populações do interior e da raia, mandando a estas últimas ir nascer a Espanha; não tardará que se lembre de idêntica solução para a operação inversa.
Na Saúde, a trapalhada é geral, com a enxurrada de encerramentos de unidades hospitalares e centros de atendimento, a supressão de serviços, a restrição de medicamentos comparticipados e o concomitante agravamento das contribuições dos cidadãos.
O Governo abandona crescentemente as populações do interior e da raia, mandando a estas últimas ir nascer a Espanha; não tardará que se lembre de idêntica solução para a operação inversa.
No Ministério dos Transportes e Obras Públicas, o controverso Ministro insiste nas contradições das suas defendidas opções da localização do novo aeroporto de Lisboa, que seria inequivocamente na Ota, como agora já poderá ser no local de são nunca, como histrionicamente assegurou, em súbita utilização da língua francesa, para presumível desgosto dos seus pares rendidos ao idioma inglês, em versão americana.
A Agricultura e as Pescas prosseguiram a sua decadência, sem sobressaltos apercebidos.
A Justiça indolente, mas insuportavelmente onerosa para os cidadãos sem grandes recursos, permaneceu na sua rotina de mau funcionamento, desprestigiando-se cada vez mais aos olhos de toda a gente.
A Economia continua a passar sem crescimento industrial, concentrando-se em actividades do Terciário, com forte dependência do turismo externo e apostando também na cooperação da Banca para financiar crédito dirigido quase só para o consumo, o que nalguns sectores pode criar certa reanimação, ainda que efémera, o suficiente, todavia, para activar a propaganda oficial.
Na Cultura, poucos entendem os objectivos do Ministério e menos ainda os caprichos da Ministra, cuja política surge agora muito contestada pelos diversos agentes culturais do País, ainda que este não seja sinal seguro de razão invocada, em vista das pretensões muitas vezes irrealistas dos tais agentes, convertidos em parceiros institucionais.
Na Defesa, faltam já efectivos para as responsabilidades assumidas, depois de se ter levianamente acabado com o Serviço Militar de recrutamento geral e obrigatório, grassa também forte contestação pelos cortes nas regalias dos militares, que não gostam de ser tratados como meros funcionários, de utilidade duvidosa, facilmente dispensáveis ou convocados à pressa, em caso de súbita ameaça externa, supostamente de natureza terrorista ou outra situação de aperto semelhante, dado que, como se propala, deixou de existir o tradicional inimigo externo.
Na área dos Negócios Estrangeiros, alinha-se pelas directrizes da UE, quando elas existem ou, na sua falta, pelas da OTAN, orientação que até nem seria demasiado criticável, se estas instituições, por seu turno, estivessem sob comando competente e esclarecido.
Basta pensar nas figuras mais altas dos comandos destas instâncias – Bush/EUA e Barroso/UE – para ficarmos, de imediato, arrepiados.
Acresce que a tudo isto, a findar o Ano, foram os Portugueses surpreendidos com peripécias indecorosas no seio do BCP, pela promiscuidade envolvida com instituições sob tutela do Governo, que só se imaginam como possíveis, a partir de directa ou indirecta instigação e direcção do próprio Governo, que, sem pudor, simula distanciamento.
Aqui o caso é de gravidade extrema, porque se trata da quebra de um mito, o da independência da iniciativa privada, por oposição à da execrável influência estatatal, símbolo de nocividade garantida, na esfera empresarial e sempre por aquela assim classificada.
Como foi possível que homens ditos de grande competência técnica e enorme robustez moral, alicerçada e provada nos exigentes critérios da Opus Dei, acabassem mergulhados em escândalos sucessivos, com largos milhões de euros de impostos subtraídos ao Estado, por recurso à intervenção de empresas-fantasma implantadas em paraísos fiscais, créditos elevadíssimos concedidos para especulações financeiras, empréstimos fraudulentos a familiares e amigos, para repetidos negócios sem qualquer viabilidade e múltiplos jogos bolsistas, tudo isto praticado debaixo do nariz de entidades fiscalizadoras, por Instituição com sizudo aspecto de austeridade, geralmente cercada de encómios, com excelentes relações com os diversos Governos ?
Como deveremos entender este inesperado entendimento de supostamente reputados gestores e importantes accionistas da Banca, que, teoricamente, abominam intervenções do Estado nas suas Empresas, a fortiori, nos seus negócios financeiros, com representantes do Poder Político em exercício, vulgo, Governo ?
Quem acredita na apregoada alta competência financeira da equipa oriunda da CGD apresentada por um suspeito coro mediático quase como vencedora antecipada da eleição a realizar na próxima AG do BCP ?
Que se esconde por detrás desta rendição dos Banqueiros ante os representantes do Poder Político do momento?
Estaremos em condições de avaliar o estrago que este escândalo terá produzido na credibilidade da iniciativa privada em Portugal, uma vez que a do Poder Político já pouco teria a perder?
Que terá agora de acontecer para se reparar tão profundo dano?
Terá a reacção tardia, mas ainda assim honrosa, de Miguel Cadilhe alguma hipótese de evitar a promiscuidade adrede engendrada?
Porque não actuaram com antecedência as entidades específicas fiscalizadoras da actividade bancária e financeira, designadamente o Banco de Portugal e a CMVM ?
Como justificam estas entidades supostamente fiscalizadoras a sua onerosa existência ao Povo Português ?
Qual o real papel do Governo e do Partido Socialista em todo este imbróglio ?
Em quem deveremos confiar ?
Que achará disto tudo o Presidente da República ?
Demasiadas e graves interrogações se levantam aqui ?
Quem poderá responder ?
Como recuperar o optimismo com tão deletérios acontecimentos ?
Melhor seria ter continuado com o tema do Acordo Ortográfico.
Entretanto, que cada um cultive o seu próprio jardim, em busca da felicidade possível, agora que até já há quem a qualifique de paradoxal.
Desejo, ainda assim, aos eventuais, pacientes, leitores deste breve balanço político de 2007, um Novo Ano tão propício quanto o permitam as adversas circunstâncias que nos rodeiam, sendo certo que, para a realidade melhorar, alguém terá de se empenhar na mudança.
Que cada qual faça, então, a sua pequena parte, na esfera da sua competência, é o desejo que ouso aqui de novo formular, correndo embora o risco de me repetir.
Ânimo para 2008 !
AV_Lisboa, 05 de Janeiro de 2008
Comments:
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sendo espartana diria que : são mistérios senhor, mistérios à portuguesa.
insondável destino de quem se apouca para se agigantar na doce e continuada e apoiada incompetência.
____________"desconcertos".
reitero tb votos de continuada Lucidez e de ano bom (?).
abraço.
insondável destino de quem se apouca para se agigantar na doce e continuada e apoiada incompetência.
____________"desconcertos".
reitero tb votos de continuada Lucidez e de ano bom (?).
abraço.
Caro António Viriato
Excelente análise do ano que passou. Subscrevo inteiramente.
Assistimos, desgraçadamente, à destruição do Estado. Porque não temos Governo. O que temos, é uma mera comissão liquidatária.
Tudo pela mão de um grupo de malfeitores chefiados por um gabarolas megalómano com pretensões a tiranete de pacotilha. Criatura repelente que, com os seus maneirismos, me faz lembrar aquelas pessoas para quem um supositório é uma espécie de guloseima...
Excelente análise do ano que passou. Subscrevo inteiramente.
Assistimos, desgraçadamente, à destruição do Estado. Porque não temos Governo. O que temos, é uma mera comissão liquidatária.
Tudo pela mão de um grupo de malfeitores chefiados por um gabarolas megalómano com pretensões a tiranete de pacotilha. Criatura repelente que, com os seus maneirismos, me faz lembrar aquelas pessoas para quem um supositório é uma espécie de guloseima...
Tenho inveja dos irmãos portugueses. "A destruiçao do Estado. " É posivel? O pior enimigo na Europa da liberdade é hoxe o Estado. Abaixo com ele, se nao serve a liberdade, o devría ter sido súa razão de ser.
Parabens pelo Bloge, da Espanha
Parabens pelo Bloge, da Espanha
li o seu extenso e neste "extenso" não há nenhuma crítica porque há matérias que não cabem em 1.700, 2.000, 2.500 caracteres como agora vem sendo quase obrigatório.
Podemos dividir o seu texto em 3 partes. Na 1ª fala sobre objectividade/subjectividade afirmando o seu esforço para ser tão objectivo quanto possível e...fiel aos factos.
Na segunda parte - este é o meu entendimento - acaba por fugir completamente à intenção anteriormente afirmada e reiterada, pois vai buscar "n" referências de vários governantes da área socialista para "provar" segundo a sua óptica que há um proteccionismo da comunicação social aos governos deste partido. A partir daqui a su isenção inquinou.
Mas o certo, independentemente do desvio de análise introduzido com uma hipótese que toma como tese o facto é que 2007 não foi um bom ano. foi difícil, desgastante e por vezes tresloucado.
Farterno abraço e bom 2008
Podemos dividir o seu texto em 3 partes. Na 1ª fala sobre objectividade/subjectividade afirmando o seu esforço para ser tão objectivo quanto possível e...fiel aos factos.
Na segunda parte - este é o meu entendimento - acaba por fugir completamente à intenção anteriormente afirmada e reiterada, pois vai buscar "n" referências de vários governantes da área socialista para "provar" segundo a sua óptica que há um proteccionismo da comunicação social aos governos deste partido. A partir daqui a su isenção inquinou.
Mas o certo, independentemente do desvio de análise introduzido com uma hipótese que toma como tese o facto é que 2007 não foi um bom ano. foi difícil, desgastante e por vezes tresloucado.
Farterno abraço e bom 2008
Já é a 2ª vez que aqui venho ter...de amigos/ideias comuns.
É só um cumprimento, pela lucidez. Somos precisos tantos a pensar com muita força... em BEM, no MELHOR, que merecemos: a paz, o pão, saúde, educação... é a verdade tão simples! Humanista, cristã, chamem o que quiserem à justiça social onde assentam as bases da dignidade de viver.
Abçs
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É só um cumprimento, pela lucidez. Somos precisos tantos a pensar com muita força... em BEM, no MELHOR, que merecemos: a paz, o pão, saúde, educação... é a verdade tão simples! Humanista, cristã, chamem o que quiserem à justiça social onde assentam as bases da dignidade de viver.
Abçs
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